terça-feira, 3 de julho de 2012

Guerrilha do tricô estimula a criatividade e a aceitação do imperfeito

A chamada guerrilla knitter, ou "guerrilha do tricô", nasceu nos EUA como uma forma leve de protesto. E hoje ajuda a colorir os locais e monumentos públicos também do outro lado do Atlântico. 
O que pode parecer uma brincadeira na verdade é um movimento político. Verena Kuni, professora de Cultura Visual no Instituto de Educação Artística na Universidade Goethe, em Frankfurt, explica que a guerrilla knitter é uma forma leve de protesto.
"Ela alivia o ambiente", diz Kuni. "Quando as pessoas ficam mais relaxadas e passam a prestar atenção ao que elas veem, podem até achar isso engraçado ou ficarem surpresas num primeiro momento. Mas depois elas começam a perceber que há alternativas para as normas."
A guerrilha de tricô também tem um elemento de enclausuramento, explica Kuni. "As pessoas querem se retirar do mundo real e entrar num mundo onde tudo é mais aconchegante, onde a qualidade realmente importa; um mundo no qual as pessoas verdadeiramente produzam com as próprias mãos", diz ela.
Os guerrilheiros do tricô também aprendem muito sobre velhas técnicas usadas por suas avós. E muito é aprendido sobre o processos de produção, o que pode ter implicações políticas, acrescentou Kuni.
Para os cientistas culturais, essa tendência "faça-você-mesmo" é mais que uma moda passageira. Por trás dos postes, galhos de árvores e bancos de parques cobertos com cachecóis, chapéus ou polainas, há a vontade de se criar com as próprias mãos para produzir algo único e de valor.
"O fato de o produto final não ser perfeito – ter uma parte meio desfiada ou uns pontos tortos – faz com que tenha mais charme", acredita Kuni. Essa aceitação do imperfeito torna mais fácil superar inibições e colocar aquela luva tricotada em casa no parquímetro da esquina.


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