A chamada guerrilla knitter, ou "guerrilha do tricô", nasceu nos EUA
como uma forma leve de protesto. E hoje ajuda a colorir os locais e
monumentos públicos também do outro lado do Atlântico.
O que pode parecer uma brincadeira na verdade é um movimento
político. Verena Kuni, professora de Cultura Visual no Instituto de
Educação Artística na Universidade Goethe, em Frankfurt, explica que a guerrilla knitter é uma forma leve de protesto.
"Ela alivia o ambiente", diz Kuni. "Quando as pessoas ficam mais
relaxadas e passam a prestar atenção ao que elas veem, podem até achar
isso engraçado ou ficarem surpresas num primeiro momento. Mas depois
elas começam a perceber que há alternativas para as normas."
A guerrilha de tricô também tem um elemento de enclausuramento,
explica Kuni. "As pessoas querem se retirar do mundo real e entrar num
mundo onde tudo é mais aconchegante, onde a qualidade realmente
importa; um mundo no qual as pessoas verdadeiramente produzam com as
próprias mãos", diz ela.
Os guerrilheiros do tricô também aprendem muito sobre velhas técnicas
usadas por suas avós. E muito é aprendido sobre o processos de
produção, o que pode ter implicações políticas, acrescentou Kuni.
Para os cientistas culturais, essa tendência "faça-você-mesmo" é mais
que uma moda passageira. Por trás dos postes, galhos de árvores e
bancos de parques cobertos com cachecóis, chapéus ou polainas, há a
vontade de se criar com as próprias mãos para produzir algo único e de
valor.
"O fato de o produto final não ser perfeito – ter uma parte meio
desfiada ou uns pontos tortos – faz com que tenha mais charme",
acredita Kuni. Essa aceitação do imperfeito torna mais fácil superar
inibições e colocar aquela luva tricotada em casa no parquímetro da
esquina.
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