segunda-feira, 9 de abril de 2012

A nova fórmula do profissional de sucesso

A revista Isto É, do dia 04/04/2012, edição nº 2212, teve como matéria de capa o tema "A nova fórmula do profissional de sucesso". No texto assinado por Débora Rubin, ela afirma: "Esqueça tudo o que você aprendeu sobre o mercado de trabalho. Estabilidade, benefícios, vestir a camisa da empresa, jornadas intermináveis, hierarquia, promoção, ser chefe. Ainda que tais conceitos estejam arraigados na cabeça do brasileiro – quem nunca ouviu dos pais que ser bem-sucedido era seguir tal cartilha? –, eles fazem parte de um pacote com cheiro de naftalina. O novo profissional, autônomo, colaborativo, versátil, empreendedor, conhecedor de suas próprias vontades e ultraconectado é o que o mercado começa a demandar".
Durante a leitura, não pude deixar de constatar o quanto os profissionais da atualidade precisam conviver com conceitos que até então faziam parte apenas da rotina dos artistas: experiência, instabilidade, criatividade, inovação, superação, jogo de cintura. Mais do que isso, a autora enfatiza que a vivência de cada um é mais importante que o conhecimento especialista. Isto quer dizer que, cada vez mais, a qualidade do seu tempo livre vai afetar seu desenvolvimento profissional. Hoje em dia, acontece justamente o contrário: o excesso de trabalho compromete nosso horário de lazer e acabamos confinados aos programas culturais "para não pensar", às mesmas músicas, aos mesmos restaurantes e prestigiamos apenas aos eventos alardeados na grande mídia (muitas vezes de qualidade duvidosa).
O tempo livre passa a ser algo tão fundamental que ele afeta pelo menos 3 das 8 habilidades mais valorizadas pelos empregadores (veja quadro abaixo): Multicultural, Útil e Inovador, Transdisciplinar. "Quando não se tem nada para fazer", a arte (cinema, literatura, teatro, música etc) nos incita a exercitar a inovação e a criatividade de modo lúdico e prazeroso. É uma oportunidade de nos conhecermos melhor e aos que nos rodeiam. Aprender a apreciá-la não é uma obrigação, mas um direito.



PINA BAUSCH: Considerações sobre a líder e a artista, por Tom Lisboa


“Dancem, dancem, do contrário  estamos perdidos”.
(Pina Bausch)

Uma das condições impostas por Pina Bausch para que Wim Wenders fizesse um filme a seu respeito foi a seguinte: não quero que seja biográfico. De fato, a obra que podemos ver hoje nos cinemas (e em 3D) fala mais sobre o legado desta coreógrafa alemã que marcou a cena da dança mundial do que sua vida privada. No entanto, a vida de Pina está presente em cada cena. Ela construía sua arte a partir da realidade do dia a dia, dos acontecimentos nas ruas e do que via nos países que visitava em suas turnês.
Muito da inspiração vinha também da vivência dos próprios bailarinos. Aliás, é a partir da memória das pessoas que dançaram suas coreografias que boa parte do filme se estrutura. O diretor opta em fazer um documentário com duas linhas de ação. A primeira é visual. Nesta parte assistimos criações individuais dos bailarinos que desenvolveram movimentos para homenagear a coreógrafa. Afinal de contas, como a própria Pina afirmava “para tudo que as palavras não conseguem expressar, existe a dança”. Mas a palavra não fica de lado e é através de depoimentos que podemos averiguar não apenas seu lado criativo, mas o tipo de líder que inspirou os membros de sua companhia por décadas. Entre as declarações de Pina posso citar: “Eu não estou interessada em como eles se movimentam, mas o que os move”; “Dança é mais do que técnica. Nós precisamos esquecer de onde os movimentos vêm. Eles nascem da vida. Quando se cria um novo trabalho, o ponto de partida precisa ser a vida de hoje, não algo pré-existente”. E entre as dos bailarinos: “Ela me ensinou que a fragilidade (física) que eu tenho é meu diferencial, minha força”; “Um dia ela chegou e me disse que eu precisava enlouquecer mais, ou surpreende-la. Ela conseguia ver meus medos e limitações”.
Seu método de trabalho consistia em motivar o elenco, fazer perguntas e estimular as mais diferentes respostas. Eles não sabiam exatamente o que ela queria. “É preciso confiança mútua neste trabalho. Todos precisam ter liberdade, sem nenhuma inibição, de mostrar o que quiser. Se você guarda algo só para você, nada novo vai vir à tona”, acreditava.

Clique aqui e veja o trailer de PINA, de Wim Wenders