segunda-feira, 9 de abril de 2012

PINA BAUSCH: Considerações sobre a líder e a artista, por Tom Lisboa


“Dancem, dancem, do contrário  estamos perdidos”.
(Pina Bausch)

Uma das condições impostas por Pina Bausch para que Wim Wenders fizesse um filme a seu respeito foi a seguinte: não quero que seja biográfico. De fato, a obra que podemos ver hoje nos cinemas (e em 3D) fala mais sobre o legado desta coreógrafa alemã que marcou a cena da dança mundial do que sua vida privada. No entanto, a vida de Pina está presente em cada cena. Ela construía sua arte a partir da realidade do dia a dia, dos acontecimentos nas ruas e do que via nos países que visitava em suas turnês.
Muito da inspiração vinha também da vivência dos próprios bailarinos. Aliás, é a partir da memória das pessoas que dançaram suas coreografias que boa parte do filme se estrutura. O diretor opta em fazer um documentário com duas linhas de ação. A primeira é visual. Nesta parte assistimos criações individuais dos bailarinos que desenvolveram movimentos para homenagear a coreógrafa. Afinal de contas, como a própria Pina afirmava “para tudo que as palavras não conseguem expressar, existe a dança”. Mas a palavra não fica de lado e é através de depoimentos que podemos averiguar não apenas seu lado criativo, mas o tipo de líder que inspirou os membros de sua companhia por décadas. Entre as declarações de Pina posso citar: “Eu não estou interessada em como eles se movimentam, mas o que os move”; “Dança é mais do que técnica. Nós precisamos esquecer de onde os movimentos vêm. Eles nascem da vida. Quando se cria um novo trabalho, o ponto de partida precisa ser a vida de hoje, não algo pré-existente”. E entre as dos bailarinos: “Ela me ensinou que a fragilidade (física) que eu tenho é meu diferencial, minha força”; “Um dia ela chegou e me disse que eu precisava enlouquecer mais, ou surpreende-la. Ela conseguia ver meus medos e limitações”.
Seu método de trabalho consistia em motivar o elenco, fazer perguntas e estimular as mais diferentes respostas. Eles não sabiam exatamente o que ela queria. “É preciso confiança mútua neste trabalho. Todos precisam ter liberdade, sem nenhuma inibição, de mostrar o que quiser. Se você guarda algo só para você, nada novo vai vir à tona”, acreditava.

Clique aqui e veja o trailer de PINA, de Wim Wenders

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